Resposta à coluna do provedor

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Enviámos uma carta ao abrigo do direito de resposta ao provedor, que respondeu dizendo que não iria tratar mais deste assunto ou publicar a carta. Indicou-nos que estes pedidos deveriam ser dirigidos ao director. Enviámos a carta ao director que recusou a publicação alegando ter passado o prazo legal para um pedido de resposta. A carta foi remetida ao provedor dentro desse prazo.

Os pontos principais da nossa carta:

· Embora o Público tenha admitido finalmente a existência de alegados plágios na 1.ª edição da HDGP, escuda-se no parecer de uma “comissão científica” para lançar dúvidas sobre a possibilidade de haver problemas semelhantes na segunda edição.

· Essas dúvidas dissipar-se-iam se o Público tivesse publicado qualquer exemplo dos problemas da 2.ª edição — o que já fez em outros casos semelhantes. Na carta, solicitámos que publicassem o exemplo que ilustra este post. Compara um trecho da 2.ª edição da HDGP (Vol 2, pág. 54) com uma passagem do texto «Arte românica em Portugal. Contexto histórico-artístico», da autoria de Lucia Rosas (2010). Este é apenas o exemplo mais extenso de um conjunto de excertos copiados da obra desta historiadora e professora.

· Outra omissão, que nos parece grave, é a identificação dos co-signatários da carta apenas como“professores de várias universidades do país”. Na verdade, nove dos dez são autores cujas obras foram copiadas na HDGP. A restante signatária é uma investigadora que descobriu mais problemas da colecção de forma independente.

· Esse apagamento mostra como um alegado plágio não é um mero erro formal que não faz vítimas. Para que se consiga justificar a inexistência de problemas na 2.ª edição é preciso pôr em causa a originalidade dos autores copiados. A “comissão científica” parece fazê-lo quando desvaloriza os trechos copiados como sendo conteúdo “lateral ou contextualizador” baseado “em factos históricos ou descrições históricas largamente publicadas”.

· Como é possível, por exemplo, obras copiadas de especialistas em manuscritos hebraicos serem consideradas “laterais e contextualizadoras” num capítulo dedicado ao manuscrito hebraico”? Fica a ideia que tudo o que não seja design pode ser apropriado.

· A escolha da “comissão científica” e todo o processo de revisão são pouco transparentes e pejados de contradições. Num mail dirigido aos leitores que protestaram sobre o caso, diz-se que “os volumes republicados, assim como os restantes, foram revistos por uma comissão criada pela editora para o efeito”. Na coluna do provedor, indica-se que foi uma exigência do jornal, que terá sido aceite pela editora. Recorde-se que esta foi a editora que, segundo o provedor, deu a desculpa da “escassez de papel”. No site dessa empresa, esta nem sequer é identificada como editora, mas como um estúdio de design que faz “edição de conteúdos”. Tendo em conta as justificações mirabolantes apresentadas, ser esta “editora” a escolher a “comissão” que vai fiscalizar o seu próprio trabalho é, no mínimo, peculiar.


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